O Lajedo do Pai Mateus é constituído por um maciço granítico de aproximadamente 500 milhões de anos de idade. Esse granito formou-se a partir de um magma pastoso de composição quartzo-feldspática, que se solidificou a uma profundidade estimada entre 35 e 70 km. Nessa profundidade essa rocha estava submetida a altas pressões e temperaturas. Com o passar do tempo – milhões de anos na verdade –  as rochas que recobriam o granito foram sendo erodidas.

À medida que ele foi chegando perto da superfície as tensões a que estava submetido foram diminuindo. Esse alívio de pressão provocou o desenvolvimento de uma infinidade de fraturas tanto horizontais quanto verticais. Esse sistema de fraturas separou do corpo principal do granito inúmeros blocos, de diferentes dimensões. Através das fraturas deu-se um dos principais processos responsáveis pelo desenvolvimento da paisagem –  o intemperismo bioquímico. As águas das chuvas ao percorrerem a superfície rochosa do lajedo acabavam tendo seus cursos “capturados” pelas fraturas. As sementes de diferentes plantas, transportadas pelas águas findaram germinado nos sedimentos depositados nas fraturas.

FORMAÇÃO ROCHOSA

A matéria orgânica decomposta acumulada nessas fraturas, em contato com as águas das chuvas gerou ácidos orgânicos. Esses ácidos penetraram pelas fraturas, decompondo os feldspatos, principais minerais formadores do granito, transformando-os em solo. A ação continuada dos ácidos orgânicos, em associação com o esforço de crescimento de raízes acabou por ampliar as fraturas. Por atuação da água corrente das chuvas o solo, acumulado entre os blocos rochosos, findou sendo retirado. Os blocos de rocha, agora isolados, passaram a ser alvo de outro processo erosivo – a ação da temperatura.

CLIMA

Durante o dia as rochas expostas às altas temperaturas da caatinga se expandem. Ao cair da noite, as temperaturas caem e as rochas se contraem. Esse processo diário, repetido indefinidamente ao longo dos milênios acabou por provocar “fadiga” nas rochas. Essa “fadiga”, agindo prioritariamente sobre as bordas e arestas angulosas dos blocos rochosos, faz com que elas se “desprendam”, deixando os blocos cada vez mais arredondados. Como o granito tem uma composição mineral bastante homogênea, à medida que os blocos perdem as arestas angulosas, as próximas placas de rocha a se desprenderem passam a ter um formato de “cascas de cebola”. Em geologia o fenômeno é chamado de “esfoliação esferoidal”.

FORMAS

A medida que o processo evolui mais e mais “cascas” se desprendem, tornando os blocos cada vez mais esféricos e isolados sobre a superfície rochosa. Esse é o estágio de desenvolvimento em que se encontra a exótica paisagem do Lajedo do Pai Mateus: inúmeros blocos arredondados de granito, assentados de forma tanto aleatória, quanto bela, sobre uma extensa superfície rochosa. Diante dele, mesmo após a explicação científica, fica a pergunta: quem colocou aquelas bolas sobre o Lajedo?